domingo, 12 de agosto de 2012

Guebuza adulto ou Maquiavel teria que voltar a escola?

Surpreendeu-me pela positiva o discurso de tomada de posse de Armando Emílio Guebuza! Tirando alguns arranhões, quem sabe por forca de habito, o discurso de AEG recebe uma nota positiva, não apenas pela extensão (curto) mas sobretudo pela sua plenitude e espírito de inclusão. Sem exageros Guebuza mencionou a palavra unidade nacional em não menos de 10 vezes! Se tivermos o mesmo conceito!
Contrariamente ao que nos habituou, Guebuza usou o seu discurso para sarar as feridas abertas durante os cinco anos de governação, bem como as criadas nas recentes eleições. Ao não optar pelo 'se não estas connosco, estas contra nos' ou ao não chamar a seus críticos de 'apóstolos da desgraça' Guebuza trouxe neste seu discurso uma nova lufada de ar fresco e de esperança a milhares de moçambicanos que viam nos dois terços, um mandato para o reforço da arrogância, da ditadura e do desprezo pelo pensar diferente! Ao ser verdade o que se aventa sobre quem será Primeiro Ministro, esta lufada de ar fresco poderá transformar-se em primavera guebuziana!
Sob comando do Venerando Presidente do Tribunal Constitucional, Luís Mondlane, Guebuza jurou, citando o artigo 150. No. 2 da nossa Constituição, '... respeitar e fazer respeitar a Constituição'... , a 'Defesa e promoção da Unidade Nacional' e '... fazer justiça a todos os cidadãos...'.

Apesar de não ter fugido aos seus temas de eleição na governação anterior, nomeadamente o combate a pobreza, ao espírito do deixa andar e ao burocratismo, Guebuza deixou de fora a arrogância que o caracterizava e falou para os moçambicanos. Para alem disso, Guebuza inovou, ao reconhecer alguns fracassos na 'sua guerra contra a pobreza', quando elegeu o combate a pobreza urbana como um dos seus novos standardes. Ou seja, implicitamente, Guebuza reconheceu que a pobreza urbana aumentou, concordando com vários estudos e autores, dai a necessidade da eleição do tema para o presente mandato. E quando um líder sabe reconhecer seus erros, e sinal de grandeza!
No seu discurso Guebuza repetiu pedagogicamente a lógica do seu pensamento ao afirmar que 'identificado o problema (pobreza) e suas causas, tínhamos duas opções: resignar ou armarmo-nos da nossa auto-estima, orgulho pela nossa historia e cultura, auto-confiança, auto-superação' para combater-mos o mal.
Mencionou ainda, como não deixaria de ser, as maiores realizações, a construção de escolas hospitais, extensão de electricidade, estradas, postos de trabalho, os sete milhões, para concluir a dado passo que a pobreza recuou, tendo se esquecido que o ditado popular que diz, 'recuar não é fugir, pode ser o tomar de novas posições'! Teria somando pontos se Guebuza, neste paragrafo reconhecesse que apesar de termos aumentado o numero de escolas, de hospitais, de rodovias, a qualidade do ensino, dos serviços de saúde e das rodovias esta aquém das nossas aspirações!
Para não deixar a sua veia poética em mãos alheias, Guebuza poetizou tendo como substrato a unidade nacional ao afirmar que '... A unidade nacional e o sangue que corre nas artérias da nossa sociedade...' para mais tarde enfatizar que a 'alternativa a paz e a própria paz'!
Ao referir-se não raras vezes a necessidade de reforçar 'o sentido de cidadania, pertença e inclusão' bem como a necessidade de 'promover a diversificação de oportunidades', o 'reforço do estado de direito' Guebuza mais uma vez levantou muito alto a barra de esperança dos moçambicanos, da mesma forma que o fizera em 2004 com o combate ao deixa andar, burocratismo e corrupção. Temas que o perseguiram durante todo o mandato e diga-se de passagem sem grandes sucessos!.
O discurso de tomada de posse, diga-se de passagem seguiu a risca o estatuído na Constituição da Republica. Um discurso que cobriu Moçambique de lés a lés, do Rovuma a Ponta do Ouro e do Zumbo ao Chinde!
Diga-se em abono da verdade que se um extra-terrestre estivesse a chegar naquele instante a Moçambique, e escutasse na integra o discurso de Guebuza, se comoveria, juraria e acreditaria que estava perante um líder que ama o seu povo, que ama a democracia, a liberdade, os direitos fundamentais ou seja que estava senão perante um santo, pelo menos estaria próximo de um homem de bem! Mas estando em Moçambique, tendo nascido e vivido neste pais, algumas reticencias se levantam! E que o povo diz que 'quando a esmola e grande, o pobre desconfia'!
Conseguira Guebuza cumprir a risca o que solenemente prometeu perante milhares de moçambicanos e dignidades estrangeiras, ou estamos perante um líder maquiavélico que pisca a esquerda e em seguida vira a esquerda?
Terá sido o discurso da tomada de posse, uma inspiração divina, ou tratar-se-á de mais um discurso camaleonesco, com o intuíto de embalar bois, e só para 'inglês ver' e conseguir a aprovação do Orçamento Geral de Estado, tal como aconteceu com a CNE, que depois de receber os desembolsos perdeu a sensibilidade auditiva?
Conseguira Guebuza demover a maquina partidária que montou e continua a montar do Rovuma a Ponta do Ouro e do Zumbo ao Indico a pautar-se pelo respeito a constituição e ao estado de direito? De que Constituição e de que Estado de Direito esta Guebuza falando?
Como conciliar este discurso de paz e reconciliação nacional com a entrada por exemplo na cidade de Quelimane de um blindado militar em plena quadra festiva? Como conciliar este discurso de paz e reconciliação nacional com a entrada em cena de agentes da PIR em vários distritos do vale do Zambeze, com a crescente nomeação de administradores militares ao longo do Vale do Zambeze, com o crescente clima de insegurança em vários distritos do Vale do Zambeze, onde cidadãos pacatos já não passam noites nas suas residências? Como conciliar as ameaças nas pescas a que cidadãos estão sendo alvo em vários cantos deste indico pais?
Estas são as pequenas reflexões que me invadiram depois de acompanhar a investidura do Presidente da Republica!
Tenho que confessar que se foi fingimento, que todo aquele palavreado visava ludibriar os menos atentos então deveríamos transferir Hollywood para Maputo e deveríamos instaurar um Premio Nobel especial para AEG e seus assessores! Mas se este discurso foi sincero, e tem suas raízes no coração do cidadão Armando Emílio Guebuza, então, hoje 14.01.10, inauguramos uma nova era, a 'Era da pax Guebuziana!
Que Deus me oiça, pois o seguro morreu de velho!
Manuel de Araújo
In www.manueldearaujo.blogspot.com

Comments

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mussandipata said...
."Ver para crer" já dizia S.Tomé em relação ao Nosso Senhor Jesus Cristo, o Cruxificado.
O Sr.Nota Moisés, enfatiza e muito bem, a frase " a prática é generosa e bendita" quando enumera a sua vivência com PR AEG e os "camaradas", na segunda metade da década de 60, na Tanganhica (East Africa)do Mwalimu Nyerere, durante....
a era dos Beatles, Rolling Stones, Tom Jones, Jimi Hendrix, Elvis Presley, Woodstock, etc.., guerra do Vietnam, conflito de Sinai, e tudo....
..tudo...terminou com o WATERGATE(1974).
A Guerra Fria...o Leste, cresceu em todo Mundo (devido abandono americano no Viet, e consequente invasão de África pela Cortina de Ferro, etc) -MAL porque os POVOS não estavam preparados-como se diz, QUANDO A ESMOLA É GRANDE O POBRE DESCONFIA- e os soviéticos, quiseram encostar a China na "parede", através do Camboja e Afeganistão!Saiu-lhes o tiro pela culatra!
Foi o princípio do fim do apogeu do CRESCER DA CORTINA DE FERRO, até CAIR em 1990/91(guardado pela Igreja-mensagens de Fátima aos pastorinhos).
Quem apareceu na China, QUAL DIVINO E QUE MENSAGEIRO-DENG XIAOPING.
Alterou com a filosofia do "socialist market economy", e trouxe a possibilidade de muitos países pobres-incluindo alguns da Europa-a conseguirem comprar brinquedos e artefactos natalícios "a preços da uva mijona", em pleno século XXI, bem como, o encerramento progressivo da indústria ligeira em TODO MUNDO (excepto India),devido a Globalização de mercado.E também a crise financeira, mas isso , tem outros aspectos e outras valências!
Dei uma grande volta na História económica e cultural para no fim transcrever O QUE JÁ TINHA PREVIAMENTE COMENTADO, com mais um extra:
"será que o espírito de Deng, não terá REENCARNADO E "RESSUSCITADO" num espírito murrupulense?"
E já agora, quem serão o "BANDO DOS QUATRO", que suportavam Machel-o Mao moçambicano!
Será que Moçambique entrará nos anais de história democrática, como recentemente a RAS de Zuma, surpreendeu o Mundo com inclusão de todos-exemplo para África, tornando este site um "best" com o "Moçambique para Todos"???
O Partido Frelimo-(apesar da entrevista-comunicado do SG Filipe Paunde-para acalmar as hoste)s-está ciente que chegou a altura de "revolução interna" para nova geração, PARA EVITAR A IMPLOSÃO?
O PR AEG quer ficar na História, começando já com a 3ª cambalhota!
Anexo o meu comentário anterior, relativo ao tema das EXONERAÇÕES DO GOVERNO E DE ALTOS FUNCIONÁRIOS DA PRESIDÊNCIAE( EM FACE DA TOMADA DOS DEPUTADOS, e fim Constitucional do último governo)!
******
ENA, TANTA GENTE PARA "ACOMODAR"!
Está tudo dito, Mariano Matsinhe tem razão!Quem sair do risco "fuzilámos"!
Machel tinha razão-"daqui não saio, daqui ninguém me tira"!
TODOS TÊM RAZÃO DESDE QUE A ECONOMIA DE MERCADO CONTINUE!
O Deng Shiao Ping moçambicano, perdão o PR AEG, está para dar a 3ª cambalhota.
Será?!!!
Continuar a acomodar ou melhor prestação de contas!
O meu voto é na PRESTAÇÃO DE CONTAS!
Quem falhar, RA -RE-RUA!
Posted by: mussandipata | 14/01/2010 at 12:34******
2
umBhalane said...
Quem tem AINDA dúvidas??????!!!!!
No próximo Governo
Cargos de direcção e chefia só para membros da Frelimo
- avisa Filipe Paúnde, secretário-geral da Frelimo, partido governamental
Maputo (Canalmoz) – Numa entrevista exclusiva ao Canalmoz e Canal de Moçambique, o secretário-geral (SG) da Frelimo,
Filipe Chimoio Paúnde, deixou claro que enquanto a Frelimo estiver no poder, não haverá cidadão moçambicano, independentemente das suas competências, que ascenderá a um cargo de direcção e/ou chefia no Governo, nem mesmo em instituições públicas, senão for membro da Frelimo.
Isso porque, segundo Paúnde, estes cargos “exigem confiança política”.
Numa entrevista extensa que poderá ler na íntegra na próxima edição do Canal de Moçambique-Semanário, na próxima quarta-feira, 20 de Janeiro de 2010, Filipe Paúnde explica ainda por que razão quase todos os órgãos do Estado, nomeadamente Tribunal Supremo, Tribunal Administrativo, Conselho Constitucional, Assembleia da República, Presidência da República e Procuradoria Geral da República, têm na sua direcção máxima cidadãos oriundos da região Sul do País. E fala também da discrepância cada vez mais crescente entre ricos e pobres em Moçambique, e diz que é difícil travar esta tendência.
Novo Governo será representativo
Voltando para o assunto do momento, o SG do partido Frelimo disse que o próximo Governo, “a ser anunciado brevemente” pelo presidente da República eleito, Armando Guebuza, deverá manter o equilíbrio regional e provincial que se verificou no último mandato.
“É tradição desde 2005 que a composição do Governo da Frelimo integre cidadãos de todas regiões. Aliás, no último mandato não havia província que não tivesse ministro, nem província que não tivesse governador”, disse Paúnde, ressalvando no entanto que o local de nascimento não é a condição básica para a definição e nomeação dos governantes no Executivo.
Sobre a expectativa que reserva o próximo Governo a ser constituído por Armando Guebuza, Filipe Paúnde preferiu avaliar, em primeiro lugar, o desempenho do Executivo cessante para depois dizer o que aguarda de novo.
“Espero uma governação cada vez melhor, tendo em conta que estes 5 anos não passaram de graça. É uma aprendizagem. São experiências. Continuaremos a melhorar para novas conquistas nesta nova governação. Já ouvimos do presidente um discurso eloquente, em que mais uma vez provou ser presidente de todos moçambicanos, o que caracteriza a governação do presidente Guebuza desde 2005, e da Frelimo desde 1975 ou desde a sua fundação.
Os próximos 5 anos querem dizer mais energia, mais água, mais escolas e mais hospitais apetrechados”, disse o SG da Frelimo.
(Borges Nhamirre)
2010-01-15 05:34:00
http://www.canalmoz.com/default.jsp?file=ver_artigo&nivel=1&id=6&idRec=7125
http://oficinadesociologia.blogspot.com/
É, ou não é?
3
Francisco Moises said...
Quando Joaquim Chissano tentava alterar a constituiçao para se permitir candidatar-se mais uma vez depois dos seus dois termos de apos guerra civil, eu fui daqueles cujas vozes se fizeram ouvir em oposiçao ao seu projecto. E disse que outra pessoa o subsituisse, mesmo se este outro individuo fosse Armando Emilio Guebuza, um individuo que conheci em Dar Es Salaam e que nunca pensei ser capaz de administrar Moçambique para o beneficio dos Moçambicanos sem distinçao de regiao ou de tribo.
É porque tentei mesmo nao olhar para o papel que este homem jogara e os muitos crimes contra a humanidade que ele cometeu principalmente com a sua dita "Operaçao Produçao" cujos efeitos ainda se fazem sentir hoje, visto que muitos milhares de individuos que ele despachou para o Gulag, sistema de campos de concentraçao na Uniao soviética, do norte, sejam individuos e individuas do sul e do centro, ainda encontram-se exilados no seu proprio pais la no norte. Guebuza nunca lhes forneceu meios de transporte para que aqueles que sobreviveram regressassem as suas cidades e aldeias. mas quando de tratava de exilar os pobriznhos, ele mobilizou todos os meios: terrestres, maritimos e aéreos.
Muitos foram os brancos, principalmente portugueses que este homem, Armando Emilio Guebuza, fez deportar dentro de 24 horas e com menos de 20 quilos de carga. Lembram-se do "senhor 24/20?" É este mesmo individuo de nome Armando Emilio Guebuza.
Porque é que eu ia tolerar o Guebuza em vez do Chissano, embora ambos fossem fascisto-sociais? Nao era por nenhum apoio ao Guebuza, coisa que nunca podia acontecer. Era simplesmente para que o pais aprendesse a cultura de mudança, coisa que na Africa nao acontece, mudando-se os ditadores atraves de morte de doenças, golpes de estado ou revoluçao ou assassinatos. Mesmo que pensasse que A E Gubuza laboraria para se eternisar no poder, considerei que isto constituiria uma luta do futuro. O mais importante, na minha optica de entao, era que Moçambique aprendesse a cultura de mudanças e transiçoes pacificas.
Entrado o Guebuza a presidencia, em vez de democratisar o pais, começou por enraizar o seu poder, eliminando as poucas liberdades civis até ao dramatico desfile de torturas do processo democratico: a proibiçao de muitos partidos para nao participarem em eleiçoes e dos seus presidentes para nao concorrerem a presidencia. A alegaçao de que Guebuza e a sua Frelimo ganharam as eleiçoes, alegaçao esta que assegura um outro mandato ilegitimo de 5 anos para O Guebuza e a Frelimo nao é viridica. É falsa e uma batota. Ha tambem coisa estranha com o facto de que os resultados das eleiçoes que se fizeram no fim de outubro viessem somente a ser divulgados em Janeiro--isto é depois de 2 meses inteiros--tempo este em que o regime batoteou com os resultados e falsificou-os. Portanto, para mim, que Guebuza ganhou as eleiçoes com 75% dos votos nao me admira--sim atraves de batotas e roubos de votos, proibiçao de outros partidos para nao particparem nas eleiçoes. Foi o jogo que ele e os seus acolitos jogaram a custa do povo que realmente gostaria de ver um Moçambique livre e democratico e com eliçoes livres, democraticas e transparentes.
Com os seus 75% e os 75% da sua Frelimo, esta agora o quadro preparado para Guebuza manipular as coisas por detras ds seus acolitos para se alterar a constituiçao para lhe permitir um terceiro mandato e assim ad infinitum--até que a sua vida expire. Que as pessoas esperem e veremos....Isto nao é uma profecia. E uma maneira de ver as logicas logicamnete.
Neste mundo de informaçao rapida e da Internet, coisas que se passam em Moçambique andam pelo mundo fora dentro de pouco tempo. E assim sabe-se que desde que O Guebuza tomou o poder, ele fascistisou o pais e implantou um sistema em que ele é adorado, em outras palavras: ele implantou o culto de personalidade, o que vai em choque com a idea dum sistema democratico onde nenhum dirigente é tratado com semi-deus, como é o caso com Guebuza agora.
La esta o quadro analisado para que as pessoa possam ver as coisas com clareza. Guebuza é incapaz de nos trazer a liberdade e a democracia visto que tem uma cultura pessoal enraizada na cultura tiranica da Frelimo. Mesmo se hoje ele diz que respeitara a lei e tratara os moçambicanos de igual modo, isto é a sua mentira. É uma aldrabice que se manifestara brevemente. Ele nao tem nenhuma intençao de fazer coisas diferentemente, o que o possa derrubar pacifica e democraticamente.
Francisco Nota Moises

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