quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Inicio da Luta Armada

RESUMO DE INTERVENÇÕES EM VÁRIOS SITES DA NET
Do início, para agora… irei acrescentando o que ao assunto se referir.
Nota: Sendo este documento extenso, aconselho a sua impressão.
No livro SAMORA, UMA BIOGRAFIA, de Iain Christie, pode ler-se a pág. 63:
"A campanha começou com ataques de guerrilha na provín­cia de Cabo Delgado. A acção mais celebrada foi dirigida con­tra um posto administrativo português na vila do Chai. Vários ataques foram realizados nessa mesma altura, mas o único caso devidamente relatado foi a operação contra o Chai. Todas as provas disponíveis indicam que os primeiros tiros da guerra foram disparados no Chai.
Alberto Chipande, que conduziu uma dúzia de homens nesse ataque, escreveu no seu relatório:
O polícia veio e estacionou à porta da casa do chefe de posto, sentado numa cadeira. Era branco. Eu aproximei-me do polícia para o atacar. O meu tiro era o sinal para os outros camaradas atacarem. O ataque teve lugar às 21 ho­ras. Quando ouviu os tiros, o chefe de posto abriu a porta e saiu — foi morto por um tiro. Para além dele seis outros portugueses foram mortos no primeiro ataque. A explicação dada pelas autoridades portuguesas foi «morte por aciden­te». Retirámos. No dia seguinte fomos perseguidos por al­gumas tropas — mas nesse momento já estávamos longe e não nos encontraram (').
Não foi exactamente Pearl Harbour. Alguns observadores estrangeiros eram visivelmente cínicos em relação às hipóteses de a Frelimo conseguir fosse o que fosse.
(1) Mondlane, Eduardo, The struggle for Mozambique, p.15"
Entretanto, alguém ( que conheço e identifico) que estava no Chai, nessa mesma altura, escreve:
"Completam-se hoje as 21:00 de Moçambique (20:00 em Portugal) 39 anos do primeiro ataque (oficial) da Frelimo e sua guerra de libertação do país. Foi no Chai, a norte de Macomia a escassos 10Kms do rio Messalo.
Tinha 8 anos, estava lá, assim como os meus pais, não morri... nem ninguém morreu de ambos os lados, e lembro-me de quase tudo. Tudo aquilo se resumiu a 2 rajadas de metralhadora (uma de cada lado).
Demorou 1 ou 2 minutos e depois foi a fuga dos atacantes.
A minha mãe lembra-se que nesse dia a tarde, andou uma pessoa desconhecida ali nas lojas no Chai e com umas ligaduras na perna ou no pé. Andou umas 2 horas a "passear-se" pela localidade. Veio-se a saber mais tarde que essa pessoa desconhecida andou a fazer o reconhecimento da zona.
A data, hoje em dia, é comemorada em Moçambique como Dia das Forças Armadas."
Assim se escreve a HISTÓRIA!
Um abraço
Fernando Gil
O que é isto?
Vimos de Aljubarrota, Ourique, Ceuta ou Tânger?
O dia das "nossas" Forças Armadas (??????????) é um dia de nevoeiro em Alcácer-Quibir?
Afinal há respeito ou não pela história? Ou serão estórias?
ai, ai, ai, ai.
Alô malta.
Este artigo é oportuníssimo!
A mim não me surpreende nada, absolutamente nada. Aliás, não surpreende a ninguém, sobretudo a quem esteve a prestar serviço militar nas zonas de guerra ou guerrilha, como lhe queiram chamar. Por acaso estive na zona de Macomia, Salima, Muaguide, etc., etc., junto à Serra Mapé, quando fui militar. Fui operacional e sei do que falo, fazia em média 3 operações por mês e várias picagens ( detectação de minas) por mês. (Por pura coincidência, no próximo dia 04 vai haver, em Évora, um encontro dos militares que estiveram em Muaguide). A Frelimo, militarmente, não era grande coisa, não fossem as minas.... Sempre o disse, desde quando era militar naquela zona, que se os "papéis" fossem diferentes, se fosse a tropa Portuguesa a praticar a guerra de guerrilha e a Frelimo a defender o território, a tropa Portuguesa tinha "goleado humilhantemente" a Frelimo. A Frelimo, militarmente, tendo em conta os apoios dos Russos e Chineses (incluindo homens e mulheres no território) e a boa qualidade de equipamento militar que possuía, além de conhecerem muitíssimo melhor o "terreno que pisavam" e da habituação do clima, tinha por obrigação de ter feito muito mais do que fez. A meu ver, respeitando opinião contrária, a Frelimo como força militar era um ZERO. Não havia militar que se aproveitasse, a começar pelos generais da Frelimo e a acabar nos guerrilheiros.
Se em 1964 no tal ataque que a Frelimo diz ter morto "meio-mundo" e que afinal, segundo o relato de quem lá esteve, mesmo que com a idade de 8 anos, não morreu ninguém e que só houve uma rajada e a fuga, em 1973 a guerra de guerrilha da Frelimo continuava a ser a mesma, ou seja, disparar e fugir com a arma virada para trás e "Fé em Deus". A táctica era simples e única : disparar e fugir a correr, com a arma virada para trás, e parar só quando o sol se punha.
Com o passar do tempo a História vai-se refazer. As verdades hão-de aparecer ao de cimo. A propaganda não se pode sobrepor eternamente à verdade dos factos.
É só uma questão de tempo.
Beijinhos e abraços
Salimo
Pois foi.........
O início de uma longa e dolorosa luta para ambos os lados. Hoje, todos, e creio que sem excepção, compreendem a necessidade e o direito dos moçambicanos terem lutado pela libertação do seu país de um regime que a todos nos prejudicou, independentemente de muitas coisas boas que algumas pessoas possam achar, vividas ou edificadas naqueles tempos. Ninguém, creio, põe isso em questão.
Esta história é a Vida ...
É e foi a nossa História e também a história pessoal de cada um de nós...
Mas, também é e foi a História dos moçambicanos e a história pessoal de cada um deles....
Se formos capazes de compreender o ângulo de visão de cada um, a perspectiva pessoal, com genuíno desejo de compreensão, veremos que a dor das perdas é muito semelhante em todos os homens e torna-se mais fácil aceitar a nossa própria mágoa à luz de uma visão ampla dos acontecimentos históricos....
"Onde estais lugares da minha infância que nunca mais os vi e pisei?
Hoje tive um desgosto e apetece-me refugiar nas memórias do meu passado...
Iria, sim......iria à Alfredo Keil e subiria o muro ao fundo, na rua e espreitaria o quintal do chancudas e roubaria uma....não,... duas ou três mangas...Comê-las-ia devagar, sentada no muro, lembrando as nossas brincadeiras ...."Não vale!!! Batoteiro !! ..........coito!!!!!!.........Fogo à barra no lenço !!!!! " Aí vai alhooooooo"
"-Xiiiiiii a mãe do Vitinho vai lhe bater!!! já perdeu as sandálias outra vez......."
Oh Tucha!!! ( o Tuchinha já não está entre nós....)...eheheh vais dar cabo da miúda hihihihihihihhi....( o Tucha era gordo...)
Iria pela Augusto de Castilho abaixo, até à Baixa e seguiria até aos Criadores de Gado para tomar um chocoleite........será que ainda existem!? Chocoleite e torradinhas que as dos Criadores eram uma delícia! Sempre pedia isso à minha mãe, ou ao meu pai.....huuummmmmmmmmmm.....Apanhava o machimbombo e iria.....ao Alto Maé, ou à Costa do Sol ? Sei lá ...vagabundearia por aquela minha cidade e iria ver o Hotel Universo , na esquina da Pinheiro Chagas com a.......não me lembro!! Entraria no átrio do Hotel e relembraria minha avó saudosa, grande fazedora das melhores aletrias que comi e de carne assada com que nos banqueteava, quando nos seus dias de folga do Hotel ía passa-los a nossa casa.....nesse dia havia jelly de todas as cores , aletria e arroz doce e aqueles mimos que só as avós sabem dar.........." Vai lá , minha menina!1-dizia-"Vai lá à Pigalle comprar oito arrufadas, vai" Saíamos disparados já a imaginá-las quentinhas , cheias de açúcar por cima....na volta o chá à espera..."
Quem foi que me tirou isto!? Esta possibilidade de poder ir ali àqueles lugares? Já, amanhã!?
Ninguém........ é a História.......a História dos povos , das nações e....... se sobre a História dos povos e das nações pouco poder temos de a escrever a nosso contento ,sobre a nossa história pessoal podemos dizer que as escolhas são sempre nossas, porque nos pertence sempre escolher face ao imposto. Mas a escolha é nossa!! Saibamos conviver com as escolhas a que fomos "obrigados". Amén e beijos...........estou cheia de sono......
Bató
Caro Sr. Fernando Gil:
Saúde da boa; fico bem e li a sua mensagem.
Diga-me algo sobre si: Quem é e o que tem a ver com estas coisas de MOÇAMBIQUE.
Como chegou ao meu endereço e por que me enviou isto.
De certo não sabe, por isso lhe digo: Tenho sempre muito interesse em tudo o que se relaciona com a minha terra, mas... o eterno mas..., quando não há remédio, remediado está e mais, tudo isto para mim não só é triste, como pior ainda: é traumatizante.
Um abraço,
Novais
Caro Fernando Gil
A sua mensagem é muito boa e faz-nos recordar momentos históricos que marcaram o percurso de Moçambique, mas quero discordar com a última citação:
Entretanto, alguém (que conheço e identifico) que estava no Chai, nessa mesma altura, escreve:(...)
--> Tudo o que vem escrito depois deste início perdeu a sua qualidade histórica porque esse ALGUEM, que estava no Chai, não foi identificado. A História não se faz de anonimatos. Nenhum anónimo ficou na História.
Agradecia que o Fernando Gil identificasse esse ALGUEM para podermos fazer história pois esse ALGUEM dá-nos informações diferentes dos intervenientes directos identificados.
Não a especulação!!!
Um abraço!!
Basílio Muhate
Amigo Fernando Gil
REALMENTE A HISTÓRIA É UMA COISA MUITO COMPLICADA! Melhor seria que não existissem testemunhas
para que a "verdade histórica" não fosse beliscada! A comemoração da independência assenta numa mentira! Boa maneira
de começar.
Não sabia desta falsidade histórica e estava convencido que o dia 25 era o dia do ataque. Afinal foi um ataquezito!
Obrigado pela informação.
Raul Ferrão
Sinto orgulho de "conhecer" pessoas assim.
Um abraço. Parabéns pelo desmentido. Sinto orgulho de "conhecer" pessoas assim.
Um abraço,
Delfina
Caro amigo
Todos os que andávamos em Cabo Delgado desde esses anos sabíamos que era assim.
Aliás recorda-se do que está escrito sobre o chamado "massacre de Moeda"?
Foram centenas de mortes, feitas pela tropa:
O próprio departamento de História da Universidade Eduardo Mondlane já há vários anos publicou um estudo que foram apenas14 pessoas. Ainda estão vivos Moçambicanos e Portugueses que lá estiveram.
Confira em
http://www.macua.com/Quantos_Morreram_em_Mueda.htm
Sendo sempre de lamentar quaisquer eventos destes, suponho ser importante que a VERDADE seja dita, para bem de todos, especialmente os que amam Moçambique.
Em relação a este facto, transcrevo:
-"Estimado Fernando Gil,
Nos não nos conhecemos pessoalmente, mas eu lembro-me de si quando era miúdo de Pto. Amélia. Eu sou irmão da Herondina (cunhado do falecido Guilhermino).
Pode publicar a minha mensagem sobre o 25 de Setembro de 1964.
Um abraço.
To Alves"
Um abraço e Viva Moçambique!
Fernando Gil
Meu caro Sr. Fernando Gil,
A HISTÓRIA nunca foi e nunca será o relato comprovado dos intervenientes nos factos. Será sempre a história que se deseja passar para a HISTÓRIA.
Este é apenas mais um caso. Não acontece unicamente em Moçambique.
A memória de um POVO, segundo os entendidos, é de apenas de DUZENTOS ANOS, ou seja, o tempo da transposição oral dos relatos dos factos da geração anterior para a geração actual.
Ainda bem que a criança de 8 anos, naquela altura no Chai, a norte de Macomia, ainda tinha o hábito de escutar sua mãe e desfrutar da transposição oral comprovada dos acontecimentos vividos pela mesma há 39 anos num dia 25 de Setembro.
(Nessa altura vivia eu em Moçambique...)
Mas... e na HISTÓRIA... o que perdurará é aquilo que se pretendeu registar.
Abraço do
Ernesto Veloso.
História de povos que se cruzaram. História em que fomos intervenientes, meninas que éramos, brincando, vivendo as despreocupações de uma infância feliz. Depois... depois... olhámos em volta, conscientes e vimos o moleque com a nossa precisa idade trabalhando, de olhos humildes postos no chão e percebemos tudo. Percebemos que não tínhamos o direito de ser tão inteiramente felizes enquanto não nos déssemos as mãos e fôssemos iguais.
O direito de o povo moçambicano escolher o seu caminho na História foi justo e era inevitável. Estive com eles, chorei com eles. Agora, resta-lhes encontrar a via certa... e, tão díficil que é, bem o sabemos... Portugal, do alto dos seus 800 anos de independência continua a procurá-la, não é? E há trabalho infantil e há maus tratos e há pedofilia e há pobreza e há corrupção e há... escreveria folhas sem fim, não era?
Beijinhos
Clara
Caro senhor Fernando Gil,
Foi interessante ler as duas passadas sobre o que se passou no Chai no dia 25 de Setembro de 1964. Obviamente um ataque a um posto administrativo não foi um acto de bravura. Não me admiro ver que a versão da Frelimo apresentada pelo malogrado Iain Christie que morreu de cancro alguns anos atrás e hoje contestada. Iain Christie, um propagandista da Frelimo, não fez investigações sobre este assunto; só escreveu o que a Frelimo disse.
A versão da história de Moçambique apresentada pela Frelimo é muito deturpada e em muitos casos baseia-se na ideologia. Veja que desenfreadamente, a Frelimo falou da capitulação das forcas armadas portuguesas em Moçambique ao malogrado comandante Marcos Mabote - um facto que todos nos sabemos não aconteceu. O conflito militar em Moçambique entre
Portugal e a Frelimo terminou com negociações e o dito Acordo de Lusaka (uma fantochada do Mário Soares e das autoridades revolucionarias da Esquerda portuguesa para entregar o poder em Moçambique aos seus companheiros ideólogos da Frelimo.)
Alguns de nos que conhecemos a Frelimo melhor o resto das pessoas, os dirigentes daquela organização são mestres de mentiras e deturpações.
Francisco Moisés
Meu caro amigo
Gostei de ler as duas versões, e a propósito lembrei-me que na mesma região, nós, os alemães e os ingleses tínhamos várias versões, algumas muito diferentes, para os mesmos episódios ( veja-se a Guerra 1914 - 1918, norte de Moçambique - ) Acontece aos que têm histórias comuns, como nas famílias. Diz a regra que será preciso passarem pelo menos 50 anos após determinada época, para se poder fazer História, e sê-lo por pessoas credenciadas e que não tenham sido intervenientes. Por isso é que também determinados arquivos só podem ser consultados após 50 anos de se terem arquivado, da morte ou do fim de determinado período. Estas 2 versões e outras irão servir para se aproximar mais da verdade, e já têm a vantagem de serem dos dois lados. Um abraço João Pessoa de Amorim PS: Cerca dessa data de 25NOV1964, era eu Ten. na 2ª comissão, ( a 1ª foi em Angola de 1961 a 63 ) e estava a comandar a 1ª Companhia de Caçadores do Batalhão de Nampula, estacionada no Oásse, a poucos klms de Diaca no cruzamento da "picada" Mocímboa da Praia - Mueda, com a "picada" ( estrada dos Oliveiras ) que vinda do sul passava pelo Chai e ali terminava no Oásse; o Régulo Oásse, que eu tinha conhecido semanas antes ao passar para Mocímboa da Praia, fugiu com toda a população antes de a minha Companhia ir por umas semanas para o Oásse na intenção de fazer regressar a população. Dali a Companhia foi para Diaca até Junho 1975, de Julho a Setembro estivemos em Nangololo (Operação Águia ) onde ainda estava um padre missionário no célebre complexo católico. Quem diria nesse tempo que voltaria a Cabo Delgado na 4ª comissão de 1970 a 1974, 1970 a comandar a Companhia em Palma, seguido de 3 anos a comandar, organizar e a coordenar os GE's de Cabo Delgado ( de 4 chegaram a 22 com um efectivo de 60 homens cada )
O descrédito de uma história estará em evidência quando uma testemunha de 8 anos de idade contrapõe a veracidade da mesma?
Tratando-se de uma narração que provavelmente servirá de ensino a uma geração de um povo colonizado nos tempos passados e havendo falsidades, acho que, neste caso concreto, Portugal ou historiadores portugueses deveriam pôr em causa a mesma pois desse modo evitaria até situações desagradáveis.
Espanta-me que esse livro tenha sido publicado com tamanha mentira. Ou a mentira virá de outro lado? Com todo o respeito pela idoneidade de quem não conheço, mas porque quem o conhece tenho-o por credível, não estará a confundir as datas ou outra situação diferente?
Note-se que não defendo a história mas seria justo que até prova ao contrário, os factos descritos no livro sejam considerados verídicos.
Também me atreveria a transportar o cinismo dos observadores estrangeiros na vitória a que se propunha a Frelimo conseguir, para acontecimentos actuais, como os EUA e os aliados têm estado a sofrer baixas com as guerrilhas no Iraque e no Afeganistão.
Não sou estratega militar mas diria que em posições contrárias, os americanos como guerrilheiros há muito que teriam capturado Bin Ladden e Sadam Hussein.
Mas a história escreve-se com factos reais e não com suposições de eventuais mudanças de posições.
Na guerra entre a Frelimo e a tropa portuguesa, se vencedores houve, foram os povos moçambicano que viu o reconhecimento e o direito da sua identidade nacional como moçambicano e o povo português que deixou de chorar os seus filhos a morrerem numa guerra que afinal nada de bom lhes trouxe.
Eu diria que esta data deverá ser lembrada e comemorada apenas por moçambicanos a semelhança do 25 de Abril que só interessa a portugueses. São dois países diferentes com uma ligação comum no passado com tendência a cair no esquecimento pelas gerações que nos seguem. Assim aconteceu com Portugal quando se tornou independente de Espanha que não nos lembra a confirmação das realidades das histórias que lemos nos livros das escolas. A não ser que qualquer dia alguém refaça a história e conclua-se que se calhar Vasco da Gama era um emigrante ucraniano que se ofereceu como carne para canhão e pôs-se na aventura de descobrir caminhos marítimos...que muitos Árabes já os percorriam.
JTavares
A Criança que, então tinha 8 anos, hoje é homem. E sua Mãe está viva. Mas haverão ainda mais testemunhas presenciais, inclusive no local. Eu ouvi-as e já sabia que tinha sido assim. Mas não estava lá na altura do ataque. Não o disse antes porque não estava lá.
Aliás toda esta HISTÓRIA é muito recente e ainda com muitas testemunhas vivas. Pois uma coisa é a apreciação, antecedentes, consequências, etc, e outra são factos.
Naquele tempo não havia internet...
Um abraço
Fernando Gil
Obrigado pelo esclarecimento Fernando Gil,
Agora sei que a citação foi de um senhor Chamado To Alves. Eu prefiro que as coisas sejam claras quando se trata de factos históricos.
1. O Tó Alves deve ser Português ou descendente de portugueses. Tinha 8 anos, ouviu apenas 2 rajadas de
metralhadoras....diz que ninguém morreu....
2. Eduardo Mondlane diz que não foi Pearl Harbour...mas serviu para mostrar que a frelimo podia fazer algo...
3. Alberto Chipande, Moçambicano, que era o chefe do pelotão, deu o primeiro tiro e disse que morreram 6 Portugueses
Acho que temos de alterar o conteúdo da História de Moçambique e Tó Alves deve ser citado nos livros de história.
Sobre o massacre de Mueda, mesmo que fossem 10 MOÇAMBICANOS mortos, não deixaria de ser um massacre para um povo explorado e colonizado na sua própria terra.
Fico muito desapontado quando essas declarações referem-se a "APENAS 14" pessoas. Se alguém da nossa família estivesse lá nunca iríamos admitir o termo APENAS porque independentemente do número de pessoas, eram Moçambicanos a lutarem por uma causa justa.
Vou recordar-lhe um facto actual que talvez possa fazê-lo reflectir melhor sobre os factos históricos e a veracidade dos mesmos em relação aos intervenientes.
Os EUA ocuparam o Iraque, mas se vc for a acompanhar as informações dos maiores órgãos de comunicação do mundo vai notar que eles (Os EUA) não revelam o número exacto de Americanos mortos no Iraque. Sempre têm uma tendência de diminuir o número para mostrar uma imagem "positiva" do seu desempenho.
Possivelmente em Moçambique tenham existido outros massacres, mas o massacre de Mueda marcou os Moçambicanos e ficou na História. Mesmo que fossem realmente 14 pessoas, o massacre ficou na História e foi testemunhado. Agora, se alguém quiser alterar ou acrescentar dados a História de Moçambique, que traga argumentos suficientes para convencer a uma nação inteira.
Sinceramente, não acredite que algum Português possa alterar a História de Moçambique principalmente no que se refere ao período colonial. Seria o mesmo que um Nazi vir a público dizer que Hitler não massacrou muito como dizem.
Um abraço!!
Basílio Z. Muhate
O problema é, como diz um amigo meu: Está escrito... passou a ser verdade!
E assim, muita vez, se faz a história.
Esse "alguém" que estava no local quando se deu tal acontecimento deveria escrever ao editor e ao escritor do livro e chamar-lhe mentiroso e repondo a verdade dos factos.
Além disso divulgar a sua "verdade histórica" por todos os cantos onde encontre um referência a esse livro. Não resolve mas ajuda.
Francisco
Olá Julinho.
Olá a todos.
Creio que o meu amigo Julinho, quer fazer prevalecer, a todo o custo, o que Senhor Alberto Chipande escreveu no seu relatório, pondo em dúvida o que testemunhas oculares, ainda vivas, presenciaram, só porque uma das testemunhas tinha 8 anos. Até parece que uma criança de 8 anos, só pelo simples facto de ter 8 anos e não 88 anos, não pode relatar o que viu. Não sei ao certo que idade tinham os "Miúdos" que presenciaram a Nossa Senhora de Fátima mas, depois de aturadas investigações, chegou-se à conclusão de que eram credíveis. A verdade é tão verdade se relatada por uma criança de 8 anos como quando relatada por alguém mais crescido. Se calhar o tal miúdo de 8 anos deixou de ser credível porque não é seguramente de raça negra. Se é por uma questão de raças, então estamos conversados! Não alinho em racismos.
E porque é que as testemunhas oculares haveriam de confundir as datas ou, como dizes, "situações diferentes"? Só porque elas, as testemunhas, tiveram a coragem de denunciar uma mentira?
Já agora, tu que dizes conhecer o Senhor Alberto Chipande ao ponto de acreditares nele, podes prestar um enorme SERVIÇO ao martirizado Povo Moçambicano e à sua História. E é muito simples. Basta perguntares ao Senhor em quem acreditas, os nomes das pessoas que ele diz ter abatido, no tal ataque do dia 25 de Setembro de 1964 às 21 Horas. De certeza que ele não se deve ter esquecido desse dia tão importante que passou a ser histórico. Em circunstâncias idênticas ninguém nem mesmo tu, se for verdade, se esqueceria dos nomes das pessoas abatidas.
Vou copiar e colar o teu texto para nos ajudares a compreender o que queres dizer: "...mas seria justo que até prova ao contrário, os factos descritos no livro sejam considerados verídicos." . Se bem leio, dizes que até prova em contrário... Mas caro amigo Julinho, tens provas do contrário. As pessoas que presenciaram a "cena" testemunham o contrario. Que outras provas queres? Que sejam pessoas da raça negra a relatar o que essas pessoas viram? - Era o que faltava...
Vou copiar e colar o teu texto para nos explicares melhor :" Na guerra entre a Frelimo e a tropa portuguesa, se vencedores houve, foram os povos moçambicano que viu o reconhecimento e o direito da sua identidade nacional como moçambicano ... ". A meu ver o Povo Moçambicano, coitado, não ficou a ganhar nada a não ser a fome, a miséria, a morte por doenças e penúria, o desprezo dos oportunistas que em nome do povo se enchem a rôdos, dos"chicos espertos" que são os actuais governantes desse maravilhoso País, que se "lambuzam" em iguarias enquanto o povo morre de fome e de miséria . Quem ficou a ganhar foi a classe dirigente, os seus servidores e os novos burgueses a quem são dados privilégios para que os possam defender. Foi essa minoria que ficou a ganhar, não foi o Povo. Aquando da Independência ainda chegaram a ganhar um Ditador e Opressor que a meu ver, como tu dizes até prova em contrario, era um doente mental. Tão doente que conseguiu por o seu Povo na miséria, na penúria, e de tal modo que, enquanto foi vivo, Moçambique era o País mais pobre do Mundo logo a seguir à Etiópia. Enquanto esse doente mental e sanguinário foi presidente de Moçambique (um País riquíssimo em recursos de toda a natureza) o Povo Moçambicano vivia das migalhas que sobravam da "esmola" da Comunidade Internacional. Digo bem, que sobravam, porque a maior parte dessa dádivas destinadas aos pobres e esfomeados eram desviados pelos governantes desse regime ditatorial, pelos seus servidores e pelos novos burgueses que não se cansam de defender esse regime fascista, para benefício próprio em prejuízo dos mais desfavorecidos para quem serviria para saciar a fome. Não me digas que desconhecias que esses produtos provenientes de dádivas eram vendidos à vista de toda a gente no mercado negro?!!!!!!
Se achas que o Senhor Vasco da Gama era Ucraniano, então, meu caro amigo Julinho, tens razão. O "sacana" do miúdo branco mais a sua mãe branca estão a mentir e quem está a falar verdade é o Senhor Comandante Chipande porque é "preto". Mesmo o teu amigo Salimo e outros que estiveram na zona de guerra também estão a mentir porque não são "pretos" porque, na verdade as tropas da Frelimo não disparavam e fugiam com as armas às costas. Eles, os guerrilheiros eram os maiores só pelo simples facto de que eram "pretos" muito embora não tivessem nada de valentia.
Julinho tem um pouco de juízo, pá!!!! Já tens idade para isso, pá!!!! O Pai Natal não existe e os bebés não são trazidos pelas cegonhas, mesmo que o Senhor Chipande diga o contrario.!!!
Mas, vou esperar que perguntes o Sr. Chipande os nomes das pessoas que ele tão valentemente abateu a tiro no tal dia histórico. Assim, o assunto fica definitivamente esclarecido e resolvido.
Um abraço para ti
Beijinhos e abraços,
Salimo
Amigo Fernando Gil
Acredito plenamente que o sucedido tenha sido como a referida testemunha disse, assim como a existência de outras presenciais.
Mas temos de crer que se a história não é como se narra no dito livro (que não conheço) e que a mesma poderá vir a ser mal contada no futuro e criar até dissabores entre dois povos irmãos, algo está mal e estando mal, terá de ser emendado antes que se alastre.
A história, não temos dúvidas, é recente, existem testemunhas vivas desse passado e o que me confunde é a credibilidade e a aceitação do dito livro e que não é despercebido na sociedade portuguesa. Aliás diria até que provavelmente nesta comemoração em Moçambique estarão representantes portugueses e que ouvirão esta história.
Se mencionei a tenra idade na altura da testemunha (em que salvaguardo o meu respeito) e que hoje tem a minha idade, havia situações estranhas em que muitas vezes quer por boatos, quer por desconhecimentos quer até pela tensão do início da guerra, eram desviadas da sua realidade levando muitos a pensarem no pior. Imagine que um indivíduo a passear-se com ligaduras no pé ou na perna pela povoação, chama de imediato a atenção e se o ataque seria surpresa, não seria esta a melhor maneira de sondar o terreno. Mas tácticas são tácticas e cada um usa a que melhor lhe parecer.
Queria dar um exemplo de factos estranhos, no ano de 1973 se não me falha a memória, em Nova Mambone na passagem de ano correu o boato que os ditos terroristas atacariam a vila de modos que todos os de bem deveriam munir-se das suas armas e ficarem de prevenção. Mas um funcionário da Administração, Aspirante, quando solicitou uma arma foi-lhe negada por ser negro. O resultado, principalmente entre os mais novos reinou a desconfiança que o Sr. ... era também terrorista. Não nos era dada qualquer explicação pela descriminação, inclusive assisti conversa de alguns mais velhos onde se referiam ao dito que seria um infiltrado já que ocupava um bom cargo para os da sua raça. Mas o homem afinal queria cumprir com a sua obrigação na era, pois se não se manifestasse, seria considerado marginal, mas manifestando-se e perante a recusa, o sentimento foi idêntico. Não aconteceu nada, dias depois foi preso um indivíduo que estava de passagem por aquelas bandas mas como falava muitíssimo bem a língua de Camões suscitou a suspeita que seria ele o tal. Foi espancado pelo Administrador local num interrogatório e viu a dose reforçada com a chegada de Agentes da PIDE que o levaram nunca se soube para onde nem quem seria tal personagem. Mas ficou-nos na memória que um da Frelimo (seria???) tinha passado pela aquela pacata vila.
Um abraço.
JTavares
Alô Salimo
Não vou fazer qualquer comentário a tua resposta. Aliás, não é de mim querer forçar a razão, gosto de analisar incondicionalmente todos os itens para concluir o meu raciocínio.
Copio apenas esta linha
Que outras provas queres? Que sejam pessoas da raça negra a relatar o que essas pessoas viram? - Era o que faltava...
O que dizer com tudo isto? Eu acredito no Branco, no Preto, no Amarelo, no Castanho, no Cristão, no Muçulmano, no Hindú, no Budista....Não me compete desacreditar alguém pela sua raça ou religião.
Um abraço.
Julinho
Importante este testemunho para a memória de todos!
Isabel

Obrigado.
A história ainda está por contar....
Armando Cró
Caro Fernando
Me lembro de que em Moçambique quando líamos algo do Gungunhana ficávamos de pelo arrepiado só de pensar que esse "monstro" havia existido. Hoje em Moçambique, ele é um dos primeiros heróis nacionais... uma espécie de Viriato na Historia Lusitana. Que os Romanos certamente registaram na sua História com outro carácter que nós não aprenderemos nunca.
Mas tens toda a razão em dizer:"Assim se escreve a HISTÓRIA!"
A História realmente tem sempre os seus parênteses, parágrafos e travessões... usados ao gosto do Historiador (ou poder governante) E ela sempre será incompleta porque eh escrita sempre por ópticas ou pontos de vista diferentes. A omissão de informações, sejam elas por motivos políticos ou outros quaisquer, faz com que ela jamais seja completa. Por isso é bom sempre verificá-la de acordo com os escritos de todos os lados envolvidos, e no final se tirar a prova dos nove. E mesmo assim, jamais teremos a História de facto na mão. Pois o leitor também faz a sua própria interpretação.
Mas acho extremamente interessante e envolvente o tema Historia, porque nós somos parte dele. Pena que conhecer a Historia, não significa aprender com o passado. O facto do estudo do passado da Humanidade ajudar a entender certas situações actuais, continuamos a não aprender com a História, e de ciclos em ciclos repetimos exactamente o mesmo erro.
Aliás isso fazemos na nossa vidinha diária não eh? Interpretamos o nosso passado de acordo com o nosso gosto e fazemos batota na hora de fazer a prova dos nove...
Mas nem por isso deveremos deixar de dizer, e VIVA A HISTÓRIA!
Abraços
António
Eu ainda vou ter a oportunidade de falar com a minha mãe sobre isto, mas eu consigo-me lembrar que estariam lá as seguintes pessoas de raça branca:
- O Chefe do Posto, a esposa e cunhada, (os nomes não sei)
- Um Adjunto (aqui não tenho tanta certeza, mas acho que sim. O nome também não sei)
- O Agente do algodão (Sr. Sampaio, esposa, filho e filha)
- Família Alves Ferreira (o meu pai, a minha e mãe e eu). A Herondina estava a estudar em Nampula.
- Estavam também lá estacionados elementos brancos da policia (uns 5 ou 6), mas só um deles é que lá ficou naquele fim de tarde e principio da noite porque os outros, acompanhados pelo Chefe do Posto e seu Adjunto (o tal da minha duvida) foram para os lados do Messalo fazer umas rusgas porque já se sabia de alguma subversão na zona. O grupo do Chefe do Posto só regressou por volta da meia-noite.
Tó Alves
Bom dia,
Obrigado pelo relato das opiniões (mais diversas, claro). Como vê a polémica esta instalada. Não é nada fácil para muitos saber desta verdade. Muitas mais haverão. Esta é a mais marcante porque foi onde tudo começou oficialmente.
De maneira alguma estou atingir alguém. Não foi nem e essa a minha intenção. Sei simplesmente a verdade dos factos porque os presenciei e porque devem haver mais pessoas que sabem disto mais detalhadamente (documentação oficial).
Escrevi a mensagem no sentido de lembrar a data que e fundamental e irreversível. Começou aí a guerra de libertação do País.
Fui a favor da independência do País. Por isso, tinha “enterrado” o 25 de Setembro de 1964. Em 1975 até fiquei Moçambicano como muitos outros e contribui para o País nas mais variadas formas. O meu Pai continuou a investir depois dos Acordos de Lusaca, não desistiu. Foi outra desilusão porque os novos governantes não se preocuparam com o País e o seu Povo, primeiro, mas sim com objectivos ideológicos locais e de países vizinhos. Eventualmente, renunciei à nacionalidade não por questões raciais como alguns poderão pensar. Fiquei mais uns anos. Por isso, ACREDITEI… para me desiludir um pouco mais tarde.
Sempre preferi outros moldes de independência, e não os acordados em 1974. Esses moldes deveriam ter começado no princípio da década dos 60 quando as opiniões se começaram a formar na altura. Como não houve diálogo possível, o descalabro começou-se a desenhar.
Conheci pessoalmente o Presidente Samora em 2 circunstâncias completamente diferentes. Uma porque ele foi passar ferias a Pemba. Eu vivia lá e outra quando ele fez uma visita de trabalho à Beira onde eu estava a trabalhar na altura. Dialogamos durante uns 5 a 10 minutos. Nunca sobre o assunto de 25 de Setembro, claro. Conheci muito bem o João Ferreira (que penso eu, encetou a fuga de avião com o Jacinto Veloso) e um irmão mais novo do actual presidente Chissano entre outros quando estes 2 trabalharam e viveram em Pemba por volta de 1977, mais ano menos ano. Infelizmente, nunca mais os contactei desde que sai do País.
Li há 4 ou 5 anos excertos de um livro escrito por jornalista(s) do Diário de Noticias (???, não tenho a certeza) ou onde se relatava o tal ataque, e onde a coisa mais certinha (mesmo assim com alguma lacunas) que lá estava era o pequeno mapa do Chai. Vi mais tarde (1999 ou 2000) um programa do Canal 2 que também se referia ao mesmo ataque acho eu, mas nunca me passou pela cabeça escrever sobre isto. E fi-lo na Quinta-Feira com o texto mais simples que encontrei, e para falar de um assunto como tantos outros (outras datas são lembradas).
Não faço ideia se alguém da Família Sampaio é hoje ainda viva. Os miúdos teriam na altura 3 a 5 anos. Infelizmente a minha Mãe não se lembra do nome do Chefe do Posto ou de qualquer nome dos polícias ali estacionados na altura. No entanto acredito perfeitamente que alguns estarão ainda hoje vivos porque o Chefe do Posto e homem para ter uma idade na casa dos 70s. O polícia que disparou a G3 (?) também era jovem para uns quase 30. O Sr. Sampaio era um pouco mais velho.
Também acredito que haja alguma coisa escrita e guardada sobre isto nos serviços secretos da altura, não para se verificarem provas da verdade (para mim) ou mentira (para os que acreditam no relato da Frelimo), mas para se identificarem os nomes das pessoas (brancas), especialmente os da Administração Pública e Polícia, para que essas pessoas (ainda vivas) ainda possam ser contactadas. Isto tudo foi de certeza relatado com nomes dos intervenientes.
Eu sei que os serviços (não os da Pide) existiam porque eu mais tarde, e já aluno crescido, recebi explicações de um elemento desses serviços em Porto Amélia. Sei que estes serviços trabalhavam INDEPENDENTES dos da Pide-Dgs no edifício do Governo Provincial, ala do edifício paralelo à estrada que ia para a Fazenda.
É tudo por agora.
Um abraço
Tó Alves
Senhor Fernando Gil;
Senhor Professor Moisés.
Permitam-me, por favor, que vos manifeste os meus mais humildes e reconhecidos agradecimentos, ao Sr. Gil por ter publicado o artigo e por ter ajudado a esclarecer a situação e ao Sr. Professor Moisés por, em poucas mas sábias palavras, ter resumido o que na realidade acontece com a história ou pseudo-história contada por Frelimo. São estas opiniões que ajudam a esclarecer a História que um dia terá que ser escrita sobre o País que todos nós amamos.
Um muito obrigado a ambos,
Salimo
Olá amigo Julinho.
Fico satisfeito por ver que afinal acabaste por reconhecer que há testemunhas vivas e credíveis que presenciaram os factos relatados e que contradizem, com toda a propriedade, o que dizem que o relatório do Sr. Senhor Chipande diz sobre os acontecimentos de Chai.
A intervenção do Senhor Professor Moisés é bastante valiosa para nos ajudar a compreender o resto.
Para todos os efeitos, mesmo não concordando, gostei da tua animada intervenção.
Um grande abraço amigo
Salimo
Olá amigo Julinho.
Fico satisfeito por ver que afinal acabaste por reconhecer que há testemunhas vivas e credíveis que presenciaram os factos relatados e que contradizem, com toda a propriedade, o que dizem que o relatório do Senhor Chipande diz sobre os acontecimentos de Chai.
A intervenção do Senhor Professor Moisés é bastante valiosa para nos ajudar a compreender o resto.
Para todos os efeitos, mesmo não concordando, gostei da tua animada intervenção.
Um grande abraço amigo
Salimo
Oi Salimo
Não sei porque dizes que eu acabei por reconhecer algo que não reconheci. Quando o fizer e se o fizer, direi. Uma parte do texto do Dr. Moisés são de certo desprezo pela Frelimo o que é natural e comum em muitos de nós que deixamos a nossa terra devido a situações criadas por este partido. Eu próprio sou um deles e por isso gostaria de repetir, não fui, não sou e não querendo cuspir para o ar, não serei jamais da Frelimo assim acontecendo o mesmo no partido em que fila o Mário de Soares (e aqui é que concordo com o Dr. Moisés quando se refere a esta figura que é da minha total repulsa). Mas isso não me obriga a desacreditar na história que se escreveu, assim como acredito na Bíblia até que alguém me prove que os factos descritos na mesma foram falsos como algumas religiões e forças (a Frelimo foi uma delas) querem fazer crer ao mundo.
Que o escritor Ian Christie tenha sido um propagandista da Frelimo, acredito, mas continuo incrédulo pela aceitação da história narrada a confirmar-se a sua falsidade. Porque não há desmentidos de credibilidade internacional, não as nossas suposições ou relatos de uma ou duas pessoas. No sábado passado estive a conversar com um amigo nosso que esteve preso nos campos de reeducação (concentração) cerca de três anos (desde 1974 a 1977), passou horrores como devem calcular e só graças a amigos que muito se esforçaram para o tirar de lá e manda-lo para Portugal e falei-lhe nessa questão do 1º. tiro e segundo ele morreram cerca de três pessoas e houve vários feridos. Este indivíduo não esteve lá nesse dia mas devido ao convívio nos tais campos com vários presos de todo o País, ouviu muitos relatos da guerra. Assim como eu e como muitos, também crê ter havido mortes e outras baixas, talvez não muitas como se pretendeu fazer crer nos discursos e mobilizações políticas que se seguiram pós guerra.
E este amigo concluiu com uma razão que é a de agora de nada nos servir e discutir este ou aquele acontecimento porque feridas há-as e muitas, ele mesmo é uma figura que percorreu vários dos tais campos de reeducação mas já não guarda rancor a ninguém pelo que passou embora jamais se esqueça. Chegou a estar com uma Kalacha encostada a cabeça a espera de ouvir o estampido que lhe livraria para sempre de tal tormento. Mas nada disso aconteceu e hoje dá Graças a Deus o estar vivo e o tempo encarregou-se de lhe aliviar dos pesadelos que teve durante muito tempo.
Talvez por isso eu me fique por aqui em relação a esta data mantendo a minha posição inicial.
Só queria dizer ao Salimo que eu e creio que a Suzana , a Quinita, Bilocas etc. etc. pessoas da minha família em que as nossas Avós (Mariana, Race, Rosalina) de raça negra, pretas, e de quem nunca tivemos vergonha de as ter, nós sempre acreditamos no que elas nos diziam. Daí que a palavra de um preto ou de um branco têm a mesma aceitação. De modos que tanto devo acreditar na testemunha de 8 anos que é branca como também acreditaria na de alguém preto que tivesse presenciado o tal acontecimento.
Um abraço.
Julinho

Registei com interesse o depoimento do Fernando Gil sobre Macomia. Tenho estado a investigar a história da FRELIMO há vários anos. A versão Chipande, citada através de Ian Christie, veio publicada em varias outras publicações. Os factos contados por Chipande são corroborados por testemunhos orais recolhidos na zona do Chai.
Ian Christie, quaisquer as opiniões expressas pelos comentaristas, era “simpatizante” da FRELIMO mas tentava verificar os factos que usava nos seus textos....Acho que os comentários à probidade e seriedade do Ian Christie são um pouco descabidos. O livro que Gil menciona tem muitas críticas a serem feitas...
Estou em viagem e portanto longe das minhas notas e arquivos. Quando voltar a casa terei acesso aos dados e penso que podíamos voltar a discussão...
Mas acho importante a contribuição de Gil e de todos os outros... A história rescreve-se. .Não há uma história. Há várias histórias...E nós os historiadores registamos as que temos na mão com os dados que temos...
Prof. Dr. Yussuf Adam, Ph. D
Prof. Dr. André Thomashausen
Rechtsanwalt am Landgericht Frankfurt a.M.
Director: Institute of Foreign and Comparative Law
University of South Africa, P O Box 392, 0003 South Africa
Tel. Office +27-12-429 8428; Mobil +27-82-778 6058
or +49-173-527 9103; Fax +27-12-667 4459
11/10/2003 MOZAMBIQUE
The Battle for Cabo Delgado
The Cabo Delgado region in the north of the country could become the stakes of various political and diplomatic battles in the coming months.
The north of Mozambique hasn't only raised the interest of the United States government, which one month ago renewed its authorization request to create military port installations in Nacala Bay. The region has also become the fiefdom of two retired generals of Maconde descent, Alberto Chipande (former minister of defense) and Lagos Lidimo (former head of military intelligence services), who are undertaking commercial and political activities there. Chipande is active in wood exploitation, and is president of the Corredor De Desenvolvimento de Nacala (CDN), a consortium of American firms that plan to renovate the Nacala rail corridor (ION 1034). The two former generals are also in the process of mobilizing the electorate of Cabo Delgado province (north of the country) in order to create political pressure to force the Frelimo (ruling party) candidate to the 2004 presidential elections, Armando Guebuza, to agree to negotiate wider autonomy for the region. The two generals are not Guebuza sympathizers, nor are they of the political orientation that he represents, and they hold him responsible for the ruling party's ?Marxist excesses? in the 1970s and 80s.
At the same time, there has been a new group of investments in the north of the country, between Nampula and Pemba: shareholders in Kambaco Investments (Kambaco means big elephant) include Adelina Mocumbi (the wife of Prime Minister Pascoal Mocumbi), leaders of the former SNASP (secret service), and Spanish investors. Kambaco created an affiliate, Kambaco Safaris, to develop cynegetic tourism. At the request of Spanish investors, the management of Kambaco Safaris was granted to a member of a well-known family of Portuguese-Mozambican hunters, the son of Adelino Serras Pires. Two years ago, Serras Pires wrote a book called Winds of Havoc (ION 937) about his detention in Mozambique in 1984-85, in which he accused the Mozambican authorities and Renamo (opposition) of destroying wildlife. The book had a certain success in circles close to the Republican Party in the United States.
On the other hand, the businessman Abdel Adjani, an Arab investor and friend of President Joaquim Chissano, who has interests in tourism in the Pemba region (north of Nacala) is less well-regarded in the United States. The American administration reportedly even considered him a ?dangerous? man. Nevertheless, the Mozambican authorities just authorized him to build a marina in Pemba Bay, close to the luxury hotel that he just inaugurated.
THE INDIAN OCEAN NEWSLETTER N° 105
BBC Serviço em Língua Portuguesa
25 Setembro 2003 0430 TMG
Alberto Chipande, hoje general na reserva, foi o autor do disparo que marcou o início da luta pela independência.
CHIPANDE: ... o primeiro grupo que entrou em Cabo Delgado, 1964, para iniciar a luta na província de Cabo Delgado.
Ao mesmo tempo, foi o meu grupo que tinha essa missão de ir atacar Porto Amélia, mas como as condições não foram favoráveis, calhou que no dia 25 de Setembro eu fizesse o combate em Chai. Eu fui o comandante. Precisamente pelas 20 horas do dia 25 de Setembro de 1964.
BBC: General, quantos elementos faziam parte do seu grupo?
CHIPANDE: Nesse dia, quando atacámos, nós éramos um grupo de 12 pessoas que atacámos o Posto de Chai.
BBC: Estão todos vivos?
CHIPANDE: Alguns estão vivos e alguns já faleceram durante o tempo da luta armada e outros após a independência.
BBC: Depois de terem atacado o Posto de Chai, como é que foi a retirada? O que é que aconteceu depois?
CHIPANDE: Quando eu disparei o primeiro tiro que atingiu ao sentinela que estava ali atrás, que guarnecia a casa do chefe do posto, os meus colegas, um dos meus colegas abriu fogo directamente para o chefe de posto que caiu logo em frente. E começámos então o ataque. Depois do ataque, que durou aproximadamente uns minutos, eu dei o sinal de recuo e todos recuámos. Não perdemos nenhum do nosso lado, nem ferido, e ao mesmo tempo não perdemos nenhum material.
Continuando na averiguação dos factos relacionados com a "verdade" da Frelimo ou do Sr. General Alberto Chipande posso nesta altura confirmar que na realidade o Administrador não estava na localidade. Só lá estava um polícia, o único elemento local que disparou. Mais: quem estava na varanda da casa eram duas senhoras: a esposa do Administrador e sua irmã. Adianto ser ele natural da Ilha da Madeira e ter mais tarde sido transferido do Chai para Bilibiza. O seu cozinheiro chamava-se Momade.
Mais acrescento que ontem falei com alguém que pouco tempo antes do ataque saíu de carro do Chai para o Monte Oliveiras (acampamento da empresa que estava a construir a estrada do Chai para Macomia) e voltou pouco depois do ataque, avisado pelo Sampaio da Sagal, e me confirmou igualmente não ter morrido ninguém.
Compreenderão que não vou divulgar aqui o nome e contactos destas pessoas. Elas estão vivas!
Quem são então as sete pessoas que Alberto Chipande diz que morreram?
Quando e onde foi publicado que as autoridades portuguesas disseram que foi «morte por aciden­te»?
Na altura residiam no Chai os seguintes "portugueses":
- Agente do arroz
- Agente do Algodão
- Administrador de Posto
- Adjunto
- Comerciante Ferreira
- Um comerciante indiano
- 5/6 polícias
isto é, menos de 20 pessoas(adultas e crianças). Terem perecido sete seria um "massacre"!
Em
poderão encontrar um excerto da entrevista que em 25 de Setembro passado Alberto Chipande deu à BBC no seu programa em português para África e um artigo referente às suas actividades comerciais (em inglês), com especial incidência em Cabo Delgado, como é natural.
Um abraço
Fernando Gil
Agora eu não estou a perceber muito bem onde se quer chegar com este debate. Pelo que noto, parece que está a ser alimentado por portugueses que viveram em Moçambique no período colonial.
Mas eu volto a repisar - não vale a pena os portugueses tentarem alterar a História de Moçambique referente ao período colonial...é uma perca de tempo....e a justificação é simples: os Moçambicanos não vão acreditar, pura e simplesmente, por a verdade estar a vir de Portugal, o país colonizador.
Os Moçambicanos provavelmente vão dizer: "Depois de tanta exploração, que durou mais de 300 anos, ainda querem fazer a nossa história a maneira deles?" ....até faz rir...
No dia 25 de Setembro não se celebra a morte de 5 ou 6 ou 3 portugueses...entendam bem isto...mesmo que não tivesse morrido ninguém como relata o Tó Alves, que na altura tinha 8 anos e que APENAS OUVIU RAJADAS e NAO VIU NADA, nesse dia iniciou uma luta armada de Libertação de um país colonizado.
Tenha sido a Frelimo forte ou fraca, organizada ou desorganizada, ela iniciou a luta de libertação nacional no dia 25 de Setembro de 1964.
Portanto, no dia 25 de Setembro comemora-se o INÍCIO da luta armada de Libertação Nacional de Moçambique e não a morte de alguém ou de
algum polícia Tuga.
Venham contar essa história supostamente verdadeira aos Moçambicanos...apareçam na comunicação social, escrevam para os jornais Moçambicanos sobre isso. Eu pessoalmente faço jornalismo, mas não sei se esses relatos teriam alguma credibilidade no povo Moçambicano.
Espero comentários!!
Um abraço !!
Basílio Z. Muhate
Maputo
Não tenho acompanhado este debate dai que se calhar alguém já mencionou isto, peco desculpa pela repetição.
Mas Fernando, se esta mesmo numa de querer provar que nada do que se diz realmente aconteceu nesse 25 de Setembro, já existem papers de história a desenvolver esta teoria... o Michael Cahen pelo que sei defende que o Chipande não estava em Cabo Delgado nesse dia. enfim, não me lembro exactamente o que ele contesta, tenho ideia que é a presença do Chipande... mas isto é fácil confirmar quem tem interesse.
Parece-me no entanto que o facto de os "detalhes" da história da Frelimo estarem possivelmente incorrectos não contesta a verdade dos crimes cometidos pelo regime colonialista em Moçambique, nem a celebração da independência.
Se a intenção é provar que a Frelimo não é flor que se cheire, vamos entrar num debate prolongado, sou capaz de concordar que facções da Frelimo não são dignas do nome que usam como partido, e que a corrupção neste governo (e anteriores) denigre a imagem do partido libertador, mas isso não altera o facto histórico de ser a este partido que se deve a liderança que levou a independência e ao inicio da construção da nação de Moçambique, da própria moçambicanidade sem excluir uns e outros na base de raça, cultura, ascendência ou o que for. E isso não é mérito pequeno, nem é por terem contado umas histórias animadas sobre cenas que não aconteceram é que a essência da sua acção será posta em questão. Acho.
Resumindo, a Frelimo, frente de libertação, tem um papel na história de Moçambique que não vai ser rescrito, aconteça o que acontecer, porque os factos e as consequências da sua acção são reais. O partido politico, mesmo a actividade de partido politico que já tinha antes da independência, com quezílias com outros partidos e militantes, isso eh outra historia. Mas não queira confundir os dois aspectos.
Ana Rita Brum
E acerca deste assunto a minha opinião é a seguinte:
- Deixemos a Historia no seu devido lugar, qualquer revolução tem os seus mitos, e Moçambique precisa dos seus também. Ainda bem que não houve um massacre no Chai, portanto, vamos deixar o passado onde esta. Este pequeno exagero não prejudica ninguém portanto deixem-no em paz.
Abraço
Ruben
Transcrevo aqui a resposta que dei a Basílio Muhate noutro local:
"Viva
Como jornalista, o meu amigo certamente pauta a sua acção por relatar factos, podendo ou não, comentá-los ou interpretá-los.
Não é meu fito alimentar polémicas, mas sim e apenas repor factos que são históricos, pela importância relevante que vieram a adquirir. E um facto não é mais ou menos verdadeiro por ser relatado por um moçambicano, português ou chinês. A sua visão ou interpretação é que poderá ser diferente.
Também não está em causa o simbolismo da acção.
O que está em causa é que o autor do relatório, ainda vivo, o reafirmasse à BBC, em 25 de Setembro passado. Está pois em causa a credibilidade das pessoas. Não só a de Alberto Chipande.
Se quisesse alimentar debates seria, por exemplo, querer saber o porquê do conteúdo deste relatório. Mas isso fica para os historiadores. Foram na realidade dados tiros no interior de Moçambique, em local público, testemunhado. Para quê inventar tais mortes?
É simplesmente esta a questão levantada pelo Tó Alves, na minha interpretação.
Se fizer o favor de ir a
encontrará mais desenvolvimentos acerca deste assunto."
Um abraço
Fernando Gil
Parece que finalmente em Moçambique alguém reconhece ninguém ter morrido no ataque ao CHAI
ZAMBEZE - 09.09.2004
Salomão Moyana
Ensina-nos a História da Frelimo que no desencadeamento da Luta Armada de Libertação Nacional, na noite do dia 25 de Setembro de 1964, foram mortas, pelo menos, duas pessoas, nomeadamente o Chefe do Posto Administrativo Colonial de Chai e o sentinela que guarnecia a residência do Chefe do Posto.
Alberto Joaquim Chipande, o autor do primeiro tiro dado no Chai naquela noite, tem vindo a afirmar e a reafirmar o que os livros da Frelimo ensinam sobre as consequências do primeiro tiro rumo à libertação.
Porém, hoje, quarenta anos depois, tudo indica que essa história do primeiro tiro não está lá muito bem contada, ou, pelo menos, não parece haver consenso sobre as consequências desse primeiro tiro, a julgar pela recente pesquisa levada a cabo pelo ARPAC (Arquivo de Património Cultural), instituição do Estado subordinada ao Ministério da Cultura.
De acordo com essa pesquisa, baseada em 35 entrevistas a pessoas “idosas e nativas de Chai” durante o ataque dos guerrilheiros da Frente de Libertação de Moçambique “nenhuma pessoa foi morta”.
“Uma semana depois do ataque, houve sim, uma morte. Tratou-se do cunhado do Chefe do Posto que, quando regressava do rio Messalo à busca de água de viatura, caiu numa emboscada” , refere o documento do ARPAC citado pela última edição do jornal “Horizonte”publicado na cidade de Pemba.
Quando esse relatório do ARPAC foi apresentado num seminário em Pemba, no passado dia 31 de Agosto, a reacção de alguns antigos combatentes foi de previsível fúria: “É uma grave ofensa histórica afirmar que no ataque de Chai ninguém morreu no dia 25 de Setembro de 1964. Esse relatório é medíocre e superficial pintado com aparentes cores políticas contemporâneas tendentes a deturpar a verdadeira história do povo moçambicano”.
Dentre as 35 pessoas entrevistadas pelo ARPAC figura o então cozinheiro do Chefe do Posto de Chai, identificado pelo único nome de Amade, o qual afirmou, igualmente, que o seu patrão não morreu naquele ataque.
Independentemente das lacunas que possa ter, a pesquisa do ARPAC tem o mérito de indagar uma “verdade absoluta”, um tabú da nossa História. Ao trazer à ribalta novos dados que questionam a história oficial, o ARPAC está a iniciar uma longa e penosa jornada ao passado recente, acto esse capaz de levar os moçambicanos mais corajosos a fazer outras e mais profundas indagações sobre muitas inverdades históricas tidas como “verdades absolutas”.
É oportuno que as revelações do ARPAC vieram num período em que se procura reflectir sobre os últimos quarenta anos da nossa História, oportunidade que os cientistas sociais moçambicanos deveriam aproveitar para vasculhar os arquivos coloniais a fim de constatar se no dia 25 de Sdetembro de 1964 teria morrido no Chai o respectivo chefe do Posto. Pensamos que se trata de uma verdade fácil de constatar, uma vez que os portugueses registavam os óbitos dos seus funcionários públicos.
O que não podemos aceitar é passarmos a vida a ensinar factos duvidosos aos nossos filhos para, quarenta anos depois, dizermos que “parece que as coisas não são bem assim”.
Isso é uma pesada responsabilidade académica mas também política de quem, deliberadamente, conta uma “História conveniente” só para aumentar a sua alegada heroicidade.
Factos são factos e não devem ser ficcionados. Factos devem ser recolhidos e contados como factos. Uma coisa é factos, outra coisa é a sua interpretação. Não se deve dizer que alguém morreu quando está vivo. Nem se deve dizer que está vivo quem morreu.
Contar a verdade dos factos não diminui a heroicidade nem mérito de quem fez a luta de libertação nacional. Antes pelo contrário, a verdade engrandece o mérito e a heroicidade dos combatentes.
Por outro lado, devemos saber reagir a novos dados históricos. Não devemos ter, sempre, uma atitude corporativa e clubista de que quem conta uma versão diferente é porque “visa deturpar a história do povo moçambicano”, como se tal História fosse um conjunto de dogmas imutáveis. A História, seja ela do povo moçambicano ou do povo chinês, é uma construção social permanente e nunca uma coisa acabada e fechada, propriedade de um clube dos bem entendidos. A História é propriedade do povo e é o povo que está a dizer que no Chai não morreu ninguém no dia 25 de Setembro de 1964, o que põe em causa a versão “conveniente” que foi difundida ao longo dos últimos quarenta anos.
Qual é o papel e a função daqueles doutores em História que estão no Ministério dos Antigos Combatentes? Arranjar argumentos “científicos”para validar convicções individuais de cada dirigente que conta a “sua história de libertação nacional”? Ou questionar, analisar criticamente e sistematizar os dados históricos factuais sobre o processo de libertação nacional?
Já o livro sobre Uria Simango, baseado em entrevistas de alguns combatentes ainda vivos, constitui uma dura bofetada na cara dos nossos historiadores da libertação nacional, os quais antes deste livro nunca disseram que Uria Simango não foi aquilo que se dizia que tinha sido.
Acreditamos que os novos dados sobre o Chai venham a catalizar um necessário debate público com vista a encontrarmos a verdade sobre a nossa História. Isso é tão necessário quanto urgente para que da longa desinformação passemos à informação correcta aos cidadãos a fim de os capacitar a participar conscientemente no processo público de tomada de decisões.
Esse é o objectivo supremo do sistema democrático!
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Ouça a descrição, pelo voz de Alberto Chipande, do ataque ao Posto do Chai, em
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Lisboa, 07.12.2004
Guilherme de Melo, jornalista, durante mais de duas décadas em Moçambique, publicou em 1985 “MOÇAMBIQUE – DEZ ANOS DEPOIS”, relato da viagem que ali fizera pouco tempo antes e de que só hoje obtive um exemplar.
Guilherme de Melo foi um dos jornalistas que esteve no Chai pouco tempo depois do ataque.
Estando mais que comprovado que a história contada e encomendada pela Frelimo não é a verdadeira, porque voltou Guilherme de Melo a escrever o que adiante ides ler e o que levou o cozinheiro do então administrador a inventar a “história” que conta e é ali reproduzida?
Sabemos que ele retornou a Moçambique, especialmente para assistir às comemorações dos 20 anos do ataque ao Chai, a convite de Mário Ferro e Alves Gomes do “Notícias” de Maputo. Terá sido por isso?
Aqui vai a transcrição:
EVOCAÇÃO DO CHAI
No troço da estrada que vai de Macomia a Mueda, em pleno coração do interior moçambicano — o planalto dos Macondes — há, ainda hoje, duas pontes em betão com os tabuleiros destruídos. Uma situa-se no troço entre Macomia e Chai; a outra para lá do Chai, sobre o rio Mapwede.
Foram ambas destruídas pelos guerrilheiros, durante a luta armada para a independência, com o propósito de cortar o avanço das tropas motorizadas portuguesas.
Cumpre referir que, no decorrer da guerra, a Frelimo evitou sempre a destruição de infra-estruturas de grande envergadura — como pontes, barragens, centrais — exac­tamente na mira do dia em que, mais tarde ou mais cedo, tudo lhe viesse parar às mãos.
Dez anos decorridos sobre a independência, as duas pontes continuam tal como ficaram depois de dinamita­das: o Governo moçambicano deixou-as propositadamente assim, à laia de um curioso museu de guerra um pouco disperso por todo o país. Ao lado dos dois tabuleiros semi-destruídos, existem agora duas outras pontes, por onde o trânsito se processa.
Vinte anos depois do primeiro ataque a uma autori­dade colonial — concretamente, o posto administrativo do Chai— é possível reconstituir-se todo o background da razão de ser dessa guerra de dez anos que, ainda hoje, muitos dos brancos que viviam na antiga colónia, e dela saíram após o 25 de Abril, se recusam a querer entender. Estou no Maputo quando se comemora aquela data e peso, palavra por palavra, os depoimentos dos que então viveram directamente os acontecimentos que muitos desses mesmos brancos —e eu próprio— de todo ignoravam, envoltos no remanso doirado que era o dia-a-dia na ex-Lourenço Marques.
O primeiro tiro
O lugar escolhido pela Frelimo para o ataque que marcou o desencadear da luta armada de libertação da ex-colónia foi, como se disse, o posto administrativo do Chai.
Tratava-se de uma pequena localidade do interior de Cabo Delgado, com pouco mais de meia dúzia de edifícios. Nomeadamente, uma secretaria, a casa do chefe do Posto, a casa do gerente da Companhia Algodoeira do Sagal, dois estabelecimentos comerciais, um pequeno hospital, a cadeia, as casernas dos soldados e as residências dos polícias brancos e dos cipaios negros.
No dia do ataque havia uma festa em casa do admi­nistrador do Posto, porque um dos seus três filhos fazia anos — recorda, vinte anos depois, Ahmad Sique Burahimo, ao tempo a servir, como cozinheiro, no Posto admi­nistrativo. E acrescenta: O administrador era muito mau para a população. Além de roubar cabritos, galinhas e outros bens que mandava que os cipaios recolhessem nas aldeias e trouxessem para o Posto, espancava brutalmente a população e tinha grande prazer em dar ele próprio palmatoadas.
A dado momento da festa, segundo o relato do então cozinheiro, chegou ao Posto o régulo da povoação de Malane — actualmente Litandakua — comunicando ao admi­nistrador que tinha avistado nesse dia pegadas estranhas» numa picada da sua zona.
Imediatamente o administrador se meteu no jipe acom­panhado pelo régulo, dois polícias e um cão-polícia, seguin­do, mato adentro, para o local. Era já noite avançada quando regressaram e, em casa, a festa do aniversário terminava.
Acompanhado pêlos dois polícias e pelo cão, o admi­nistrador dirigiu-se directamente para a Secretaria da Administração — continua a contar. Mas, ainda com o mo­tor do carro a trabalhar, ouviu-se de repente uma des­carga de tiros. Ele saiu do carro a correr, em direcção à residência, onde tinham ficado a mulher e os filhos. Já à entrada da casa, o administrador foi atingido com dois tiros no peito e caiu, ensopado em sangue.
Ahmad Burahimo ainda se recorda de ter visto, quando o tiroteio cessou, dois polícias, a mulher do administrador e o gerente da Sagal a carregarem o ferido para o interior da residência. Esvaindo-se em sangue, ele permaneceu no Posto, agonizante, o resto da noite e só na manhã seguinte foi transportado para a então Porto Amélia — hoje cidade de Pemba— onde veio a falecer.
Entretanto, quando eu estava a sair da cozinha pelas escadas traseiras, para me esconder no quintal, mal come­cei a ouvir o tiroteio, um tiro apanhou-me na perna, perto do joelho, e caí, rebolando pelas escadas abaixo. Já no chão, rastejei uns vinte metros e escondi-me atrás da man­gueira do quintal. Foi daí que avistei um polícia a ser atin­gido por um tiro a meio da testa e cair morto. Um outro polícia, escondido entre o muro do quintal e uma casa, também recebeu um tiro e morreu logo, quando estava a erguer a cabeça para apontar a sua arma.
Quando o breve combate terminou, os guerrilheiros abandonaram o terreno, deixando dois polícias mortos, o cão-polícia também abatido, o administrador do Posto moribundo e vários feridos, entre os cipaios e o pessoal auxiliar da Administração.
Comandava o pequeno grupo que acabava de iniciar a luta armada que dez anos depois levaria à independência, um homem de trinta e poucos anos chamado Alberto Joaquim Chipande. Ë, hoje, o ministro da Defesa Nacional da República Popular de Moçambique e dirigente da pro­víncia de Cabo Delgado. General do Exército.
A repressão
Depois disto, vieram para o Posto de Chai um novo administrador e um seu adjunto — continua Ahmad Bura-himo a contar. E diz, concretamente, os nomes de um e de outro. E só por uma questão de pudor e de vergonha, como português e branco, me escuso, aqui, a referi-los.
Dos dois, o adjunto era o pior. Era extremamente cruel. Logo após a sua chegada começou a matar gente. Com o pretexto de que estava a «limpar terroristas», como dizia, enforcava pessoas e deixava-as penduradas nas mangueiras. As vezes cortava as cabeças e deixava-as espetadas em esta­cas, para todos verem. Num só dia, em plena Secretaria da Administração, matou com as suas mãos cinco pessoas. Ele fazia coisas horríveis. Um dia vi-o espetar um prego na cabeça de um homem. Martelava e enterrava o prego todo na cabeça, depois mandava a pessoa ir para casa. Ë claro que essa pessoa nem dava cinco passos. Caía e morria logo.
Ahmad Burahimo continuou a trabalhar ainda durante alguns anos no Posto. A verdade, porém, é que o ataque conduzido pela Frelimo lhe tinha já suscitado diversas dúvidas sobre a legitimidade do poder colonial — dúvidas essas que rapidamente se adensaram face às barbaridades cometidas pelo adjunto do novo Administrador que, de resto, o não poupava nas suas fúrias. Um dia começou a ameaçar-me que também a minha vez chegaria. «Corto-te o pescoço, olá se corto! E que lindos petiscos tu vais fazer com a tua própria cabeça!»
Com o pretexto de que pretendia visitar uns familiares distantes, pediu licença para se ausentar por algum tempo e acabou por se desligar dos quadros do pessoal da Admi­nistração, ingressando pouco depois nas fileiras da Frelimo. Passou então a ser um importante «contacto» da Organização naquela zona de Cabo Delgado, tornando-se responsável pela distribuição de cartões de membro a novos aderentes e desenvolvendo missões de recrutamento de jovens para a luta armada. Com o objectivo de camu­flar tudo isto aos olhos, sempre desconfiados, não só das autoridades do Posto como dos agentes da PIDE, Ahmad Burahimo adquiriu um pequeno barco com o qual passou a pescar no lago do Chai.
A vila-museu
Vinte anos volvidos sobre tudo isto, o Governo moçam­bicano transformou o Chai no museu histórico da Revo­lução moçambicana.
Independentemente do monumento que vai ser erguido, defronte de um gigantesco mural alusivo ao arranque da luta armada, toda a povoação propriamente dita foi con­servada intacta, tal como era na altura do ataque de 25 de Setembro de 1964. Inclusive o mobiliário e demais recheio das casas da Administração mantêm-se, sem qual­quer alteração.
Uma das casas foi, entretanto, transformada em museu das primeiras armas — entre as quais a que Chipande uti­lizou naquele dia e por ele próprio ali entregue, aquando do 20.° aniversário do acontecimento que marcaria o início do fim de uma era.
Vinte anos depois, o tempo foi descendo o seu véu de esquecimento. No país novo, há dez anos independente, apagam-se os ressentimentos, diluem-se as recordações dolorosas de uma repressão temperada em sangue, de uma guerra pontuada de horrores. Não há mais, no planalto Maconde, o estremecer das explosões. E os xericos vol­taram a trilar por todo o vale do Miteda, onde a Nó Górdio chamejou. Moçambicanos e portugueses podem, enfim, olhar-se como irmãos.
Penso naquele grupo que, não há muitos anos ainda» se propunha levar a tribunal os responsáveis pela descolonização. E se um dia os moçambicanos reclamassem um outro Nuremberga, para julgar os crimes do colonialismo e levassem até ele, a depor, os muitos Burahirnos que ainda existem por todo o país?
……………………………………………………………………………………………………………………
Aproveito para copiar o que, em 23 de Setembro passado, escrevi no Moçambique na Web Jornal:
O Chefe do Posto à data do ataque chamava-se Felgueiras e estava com a família lá. Na hora do ataque não estava no posto pois tinha ido ao Messalo com 2 polícias e vários cipais. Só ficou no posto um polícia branco e vários cipais. Também lá moravam funcionários do posto, o Pinheiro e o Brandão, mais a família Alves. O enfermeiro chamava-se Tivane. O Cozinheiro era o Amade.
O Felgueiras pediu ao Governador para sair e foi temporariamente substituí-lo o Dias de Macomia. Talvez uma semana depois foi o Fonseca lá colocado que levou a mulher. Vindo de Portugal estava com eles o cunhado deste que foi quem, não uma semana, mas cerca de 3 semanas depois, foi morto quando passava junto ao Rio Messalo vindo do Monte Oliveiras. Vinham 3 pessoas no Jeep e ele ia no meio. As outras duas nada apanharam e ele levou um tiro entre os olhos, vindo a falecer já depois de evacuado.
Assim não foi o cunhado do Chefe do Posto da altura que foi morto, mas o cunhado do que o veio substituir.
Fernando Gil
-A continuar…
-Poderá também acompanhar no FORUM MACUA

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