quarta-feira, 29 de agosto de 2012

MÁRIO SOARES É MESMO FIXE ?!

MÁRIO  SOARES  É  MESMO  FIXE ?!

As eleições para o Parlamento Europeu - que marcaram o regresso do Dr. Mário Soares à actividade política - tiveram os desfechos já conhecidos, ou seja: uma vitória (relativa) do Partido Socialista, em casa, e derrota (quase absoluta) do seu cabeça de lista, fora. Se considero relativa a vitória do PS, é porque este Partido, embora tivesse recebido o maior número de votos não conseguiu levar de vencida o adversário tido como o seu mais temível opositor e contra o qual assestou mais denodadamente as baterias - a abstenção.
Quanto a Mário Soares, o facto de agora se apresentar como remota a possibilidade de ele vir a assumir a presidência do Parlamento de Estrasburgo - que era e continua a ser a sua suprema aspiração, daí a razão fundamental da sua candidatura - não pode deixar de se considerar um fracasso.
Gostei disso, confesso. Dão-me, sempre, um grande prazer os deslizes, as "broncas" e os desaires de Soares. Não porque Ihe deseje algum mal, mas porque jamais poderei esquecer ou perdoar, os muitos males que ele causou aos desalojados de Angola (no número dos quais me incluo) e, sobretudo, o mal que chegou a admitir poder fazer e que só não aconteceu porque não calhou.
Não passou de intenção, é certo; mas de uma intenção reveladora da aversão que o grande responsável pela descolonização nutre pelos seus compatriotas que desejavam continuar em Angola. Aversão claramente expressa numa entrevista que Mário Soares deu a uma jornalista alemã e foi publicada na conceituada revista "Der Spiegel" em 1974. Dela respigamos o seguinte trecho:
Mário Soares -  Em Angola haverá certamente uma série de situações mais ou 
                       menos desesperadas e tensões perigosas entre as raças. Apesar
                       disso julgo que, por ora, o exército poderá manter a ordem - a 
                       ordem democrática.
Der Spiegel -    Portanto, se necessário, o exército português fará fogo sobre os
                       portugueses brancos?
Mário Soares - Ele não hesitará e não pode hesitar. O exército já mostrou que 
                      tem mão forte e quer manter a ordem a todo o custo.
Estas cínicas declarações marcaram-me para o resto da vida. Acho, portanto, que ninguém tem o direito de me censurar por esfregar as mãos de contentamento face aos fracassos de Mário Soares, como foi o caso de ver cair por terra a sua doce ilusão de se tornar o “supra-sumo” da política europeia.
Não se trata da justa vingança do chinês, mas a deste que assina.
VITORINO LOUREIRO
 
(In “O LOBITO” Junho de 1999)